quinta-feira, 1 de maio de 2014

Em Maio

Que mulher trará flores em maio? Aquela que é doce e amarga, corajosa e cheia de medos, que deita reclames ao país injusto e chora pela miséria nas calçadas. Lê poesia antes de dormir e faz café forte pela manhã. Espalha os meus brinquedos pela casa e grita que não quer mais brincar. Põe a mão nos meus olhos e me faz ver o invisível. Ama o sol, o sorvete, o fortuito. Ri desbragadamente sem sentido aparente, mas aparenta ser feliz e mente sobre isso docemente. Se vier em maio virá com um cheiro de solidão nas mãos e uma pele tão quente que já me sobe um frio pela espinha...

Um comentário:

  1. Sabia que encontraria algo que caísse bem na primavera no seu blog, embora as flores estivessem lá em maio! O texto ajudou a florir a imaginação da turma, pois avaliação é sempre uma tensão à alunada! Como pedir para que deitem sobre um poema, se apreensivos preocupam-se apenas com os décimos que tirarei em cada resposta e interpretação mal escrita. Mesmo assim, sigo em frente, pois não há como deixar de avaliá-los. Com atenção aprecio o bom senso e desempenho de quem está do outro lado de um texto, nós leitores. Pedi para que grifassem os adjetivos do texto, associassem a um movimento literário e justificassem sua resposta. Selecionei a resposta de um aluno, e se me permite deixo-a registrada: “Identifico no texto a primeira fase do modernismo, pois se observa situações peculiares a este movimento, podendo ser citado como exemplo à inovação da descrição do relacionamento amoroso tradicional, destacada pela interrogação no início do texto, sendo a mulher aquela que pagará pelas flores. Assim como, as reflexões sobre os desalentos, expectativas e figuras que se constroem os sentimentos amorosos. Nota-se através dos adjetivos: doce e amarga, corajosa e cheia de medos, denominados a mulher o uso enfático da ironia e sarcasmo, traço simbólico também encontrado nesta fase.” Pergunto-me: como não avaliá-los de forma tradicional? Se meu prazer sorrir quando corrijo o que conseguem enxergar, ou mesmo, quando confundem calças com as cuecas, meus ilustres alunos. Pollyana Batista.

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