quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Classe e Gênero: Política e Preconceito

Ainda hoje, oito anos depois da primeira eleição de um presidente operário, mantem-se um tipo de preconceito que parece alheio e cego a todas as evidências (tal como um "bom preconceito" deve ser...). Como foi duro, e tem sido, engolir Lula... Como incomoda esse Presidente terminar seu mandato como o mais admirado da história do país e com provocativos 82% de aprovação. Lula, nem ninguém, tem vara-de-condão-anti-corrupção-e-solucionadora-de-todos-os-problemas-acumulados-em-500 anos. Alguns vezes cometeu equívocos e se exaltou quando seu posto pediria mais contenção e sobriedade. Homem que é, falha como todos... Mas desmerecer-lhe todas as mudanças internas e externas pelas quais este país passou nos últimos oito anos é birra por demais inusitada e desproporcionada. Contra esse tipo mesquinho de desdenhar do outro, negando-lhe os méritos mesmo que todos os dados os demonstrem, é ranço do que de pior há na espécie humana. É preconceito de classe. Curioso que nesta eleição um novo preconceito se instalou e foi usado de forma vil. O preconceito de gênero. Além das inúmeras e infundadas difamações sofridas pela candidata Dilma (uma tentativa de massacre moral sem precedentes em qualquer campanha política já vista), foi sempre claro como lhe tentaram a desqualificação por ser Mulher. Ela não tem "méritos próprios"; está aí apenas porque é "apadrinhada de Lula"; "sem o chefe ela não funciona"; ou é "lésbica" ou "não tem marido". Em debate, o opositor chegou a perguntar-lhe de onde vinha tamanha "agressividade" que, segundo ele, decorria de um "treinamento" (por um homem, provavelmente...). Por que não se contentava com o papel que "lhe cabia", "papel de mulher", de meiga e submissa? Também curioso e instigante: embora tenha, entre as mulheres, mais intenções de voto que o opositor (48% a 41%), o maior número de votos para Dilma ainda vem dos homens... De acordo com as pesquisas, é provável que uma mulher ocupe a Presidência de um dos mais importantes países do mundo. Além de continuar as mudanças no longo caminho que temos a percorrer para ser a nação que queremos, que extraordinária vitória se avizinha para as mulheres. Ainda que, tal como ocorre hoje com seu futuro antecessor, o preconceito continuará a existir. O Operário e a Mulher, no entanto, seguirão sua história.

4 comentários:

  1. Daqui há quatro anos novos preconceitos surgirão!!!
    Parabéns pelo blog, muito legal!
    Abraço,
    Márcio Sobral

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  2. Sim... mas aí lutaremos contraç inclusive escrevendo crônicas...

    Obrigado, Márcio!!

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  3. Adorei, Clistenes!Bela escrita! Foi uma época de quase "caça as bruxas", mas espero q esses preconceitos acabem!

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  4. Obrigado, Anônimo! Abaixo todos os pré-conceitos!!

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