quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Obrigado, Zico!

Às vezes perguntam-me para qual time torço, grito, esguelho-me,  brigo com os vizinhos e buzino pelas ruas do Recife... Nenhum! A não ser por fenômeno social, dedico a mesma atenção aos campeonatos nacional e estadual que reverencio a bobs de cabelo (Desculpe-me essa imagem perturbadora, é que me inquietava na infância vós e tias carregando aquelas estranhices cabeça afora).  Em verdade, houve um período da minha adolescência (12-13 anos) que o futebol me encantou.  A seleção de 82 e a mágica que eles produziam foi algo de tão belo que me converti em moleque verde-amarelo, com bandeirinha e choro descontrolado ante os três balaços de Paolo Rossi, que relegaram meu sonho de campeão do mundo a uma eliminação na segunda fase. Não sabia o moleque que aquele seria o fim não apenas daquela Copa, mas de um era de beleza no futebol ainda por ser revivida.  Naqueles anos 80 havia também o Flamengo. Que time!!  Naquela época o mais importante no chamado “manto sagrado” ainda era (imaginem!!!) o escudo do time, hoje escondido entre publicidades as mais diversas. Falava-se “Sócrates” e identificávamos de imediato a Democracia Corintiana; alguma dúvida onde Roberto Dinamite havia jogado a última temporada e disputaria a próxima? E Zico?!! Este era para mim, naqueles anos idos que meu pai guiava a nossa Variant amarela, o que eu chamaria de “ídolo”. Além de craque, ele me parecia uma dessas pessoas corretas em que se pode confiar. Quando abandonou o esporte, fiz coro e chorei emocionado com (perdão, perdão...) Moraes Moreira, lamentado o adeus do Galinho: “E agora como é que eu fico, nas tardes de domingo, sem Zico no Maracanã?”. Hoje, tantos anos depois daquele inocente menino que era, vejo Zico outra vez dizendo adeus ao Flamengo. Desta vez por não concordar com o que se transformou esse esporte e sua gestão neste país (http://www.ziconarede.com.br/portal/znr/colunas.php?pa=1589).  Fico contente, simplesmente. Esse homem é ainda alguém que admiro. Esse tipo de atleta exemplar dentro e fora das ditas quatro linhas. Ainda há gente assim: que não morre em caráter na minha imagem de infância. Um ídolo.

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