quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Pluton e o princípio da utilidade

Um acontecimento geologicamente natural, um vulcão em atividade na gélida Islândia, e suas conseqüências sobre a vida cotidiana da Europa, ocupou telas e papel de avaliações evidentes, imediatas e “midiáticas”. O que a mim me fascinou e me trouxe à reflexão nesse episódio: a imensa e irreprimível força plutônica (O reinado de Pluton está localizado nas profundezas da Terra; o termo foi utilizado pela Geologia para designar corpos ígneos de grande porte que se formam em profundidade). Pois bem, os arautos do time is money nos falam (apenas) de surpreendentes 300 milhões de dólares diários em prejuízos, evidenciando (ou esquecendo), claro, a desmistificação da natureza (natura naturata – a natureza como produto) promovida pela própria sociedade burguesa. Se tempo e habilidade tivesse, gostaria de escrever algo sobre uma postura mais meditativa de uma Natureza com a qual teremos que dialogar, uma Mãe-Natureza (natura naturans) – não me atirem pedras ainda (alguns) colegas cientistas das geociências: é algo mais que a “Hipótese Gaia”... também sei instrumentalizar a natureza em números e utilidades, mas a chamada “consciência ecológica” atual poderia abrir-se mais a tais raciocínios... Dia desses, quem sabe, desenvolvo um texto assim; por hora, vou deixando um fragmento de “A Natureza” (Goethe) em minha intenção: “Ela não tem língua nem voz, mas gera línguas e corações por meio dos quais sente e fala”

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