Veio
pequenino, soluçando, aprendendo a andar com as pernas ainda
chamuscadas pelos fogos de artifício. Talvez de porre, ainda, pelos
poucos dias depois de se embriagarem com a sua chegada. Todos dormindo e
ele sozinho, esperando que o reconheçam e que dele se apropriem.
Nascimento sem lógica além do calendário. Funeral de uma folhinha de
dezembro que, mesmo sendo parte do fluxo contínuo, rasgamos
como um passado do qual o futuro sempre se rirá mais. Está aqui, já. Em
silêncio vi descortinar no céu a linha do tempo inventado. Desejei
flores e amor aos que gosto. Desejei que as dores, tais como as contas,
não lhes cheguem por baixo da porta, pelos ouvidos, no escondido do
silêncio. Desejei em vão, sei... Mas também desejei que lembrem que
disso se faz o ano e a vida. Desejei a matemática, a soma dos fatos
ocorridos. Desejei que, nessa subtração, escrutinados todos os meses,
tenham pouca febre e muitas risadas. Um ano com flores, amor, risadas e
asas. Isso lhes desejei. E desejo.