terça-feira, 29 de maio de 2012

O Chapeleiro Maluco e a Contaminação por Mercúrio

Johnny Depp, na versão de Alice de Tim Burton

O Chapeleiro maluco sempre será associado ao personagem de Lewis Carrol em Alice no País dos Maravilhas.  Poucos sabem (meus alunos de pós-graduação em Solos e Qualidade Ambiental, por exemplo, ficam sempre surpresos quando lhes conto o fato para animar nossas aulas...), no entanto, que a origem do personagem vem da expressão inglesa “mad as a hatter” (em brasileiro: louco como um chapeleiro). Esta origem se relaciona a uma doença comum naqueles que trabalhavam na manufatura de chapéus no século XVII.  Uma solução de mercúrio (Hg), um metal extremamente tóxico, era usado no processo de feltração dos chapéus. Os chapeleiros inalavam os fumos de mercúrio (o que era facilitado pelos ambientes com pouca ventilação em que trabalhavam) e desenvolviam sintomas neurotoxicológicos como tremores, perda de coordenação, depressão, irritabilidade e ansiedade. Resumindo, “A Síndrome do Chapeleiro Maluco”. Mas Lewis Carrol, bom que se diga, não inventou o ditado; ele apenas refletiu em sua bela estória uma situação bastante comum na época da primeira publicação de Alice (1865). 

domingo, 20 de maio de 2012

A cidade que dorme


A primeira vez que visitei Havana, em 2001, a cidade em abandono foi o que mais me impressionou. Muitos pontos da cidade foram restaurados, trazidos à luz em cores novas e vibrantes. No entanto, o que há de distante nos prédios antigos, com suas paredes enegrecidas e portões enferrujados, que presenteia os olhos com essa beleza fortuita corroída pelo tempo, parece-me a essência da cidade.  Havana me pareceu uma Madri em ruínas, onde a perspectiva dos olhares estrangeiros e das miradas dos cubanos se encontram nas labirínticas possibilidades de se sentir a cidade por diferentes perspectivas. Walter Benjamin disse que as pessoas que não moram na cidade são as que mais se interessam por suas características mais exóticas. O que há de pitoresco nos prédios antigos da capital de Cuba, uma incerta melancolia que se vê nas ruas de seus barrios antiguos, toca-me mais que a majestosa arquitetura de seu Capitólio. Havana tem uma beleza acidental e uma força que se ergue das ruínas e que, por fim, sintetiza certa estética da decadência que tanto me agrada quando a visito.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

À Flor do Preconceito


Essa sorridente garota, com todos os seus direitos da juventude e da liberdade da inconsequência (e, quem sabe, do "bom berço"), tem sido enxovalhada nas redes sociais. À parte do mau gosto desses posts, e de muitos desses tipos que se vê por aqui, com ataques diretos a pessoas que não se enquadram no senso imposto de estética, nível social, cultural ou o que quer que seja usado para nos deixar parecendo especiais diante desses outros "seres inferiores", o ódio vomitado pela moça jovem e bonita ainda nos surpreende a muitos. Sou nascido na Paraíba e não consigo entender porque o meu lugar de nascimento me faria inferior (ou superior) a quem nasceu em Erexim, Shangai, Santana de Ipanema, Barcelona ou Piracicaba. O curioso é vermos a pobreza (imaginária ou real) dentro da pobreza e do preconceito. O São Paulo e o país onde a moça nasceu podem ser tratados por nova iorquinos ou madrilenos com o mesmo desdenho que ela ofereceu aos “nordestinos que não são gente”. Será que ela se apercebe disso? Que londrinos poderiam achar que “ela não é gente” por causa de seu lugar de nascimento? Seria ignorância dela e deles se assim o fizessem ou se disso não se apercebessem... Que bobagem achar que os poemas de Manuel Bandeira, as peças de Ariano Suassuna ou as canções de Caetano e Gil seriam melhores (ou piores) se eles tivessem nascido em algum rincão do Centro Oeste, Sul ou Sudeste do Brasil. Momento de ódio e desapontamento, talvez, porque seu candidato havia perdido as eleições para Presidente. Queria “culpados” e achou que “matar um nordestino” seria um bom começo... Não a tenho ódio ou desejo de vingança como muitos na rede demonstram (talvez muitos deles com seus próprios preconceitos guardados a sete chaves, sejam nordestinos, sulistas ou sudestinos – curioso que essa palavra nunca é usada. A ouso, de maneira conciliatória, aqui). Em verdade, sinto-me tocado e dou-lhe (ainda que não me peça ou dela não precise) a indulgência por sua inocência, ignorância e preconceito adquirido no seio de uma Sociedade que assim a desenhou ou por ela se ter permitido ou se conduzido a isso. Quantos por aí não sentem o mesmo, mas não se descuidam publicamente como a moça fez? Cometeu um erro e foi condenada. Esperemos que aprenda e cresça em sua humanidade, ao mesmo tempo em que dizemos, em alto e bom tom, que isso não é aceitável. Digo sempre que pessoas legais e estúpidas se encontram em todos os lugares, de Recife a Nova Deli, de Porto Alegre a Hong Kong. A moça não divide a opinião com a maioria dos seus conterrâneos, tenho certeza. Eu não fiquei alegre vendo as duas torres caindo, como vi alguns, pois sei que aquele país onde vivi durante um ano não foge a essa regra universal de bondade e maldade, de discernimento e preconceito. Não se deve pregar a vingança ou o ódio, mas o entendimento e a sensação de solidariedade com todos (e a Lei onde ela, bem aplicada e dosada, se fizer necessária). Não me sinto, como nordestino, aviltado pelas palavras da moça. Já viajei o suficiente pelo mundo para não me render a esses estereótipos que fazem do meu país, da geografia do meu nascimento, e, nesse caso da moça, da região Nordeste, o que chamarei aqui de “um fatalismo geográfico”. De outro lado, não me parece bem aqueles que se investem do preconceito alheio e passam a defender as belezas de “sua terra” como superiores; soa-me um sentimento de colonizado mal resolvido, que sempre acha que está sendo “discriminado” por algum motivo. Hoje tomei meu café da manhã na padaria. A moça me serviu o sanduíche e trocamos risadas agradáveis sobre piadas bobas. Isso já me aconteceu da mesma forma em São Paulo, Beijing, Paris, João Pessoa e Durban. O mesmo sorriso, a mesma compreensão de compartilharmos a mesma humanidade. Espero, de verdade, que as moças e moços partilhem dessa ideia e desse sorriso. 

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Luz do Sol


Desinventaram palavras e mastigaram intimidades enquanto a chuva murmurava histórias no ouvido úmido da noite. Entre o silêncio dos gritos e o escândalo das bocas caladas, um chamamento se esparramou sobre os corpos. Não desejaram planos mirabolantes, castelos de cartas ou latas de refrigerante. Eram, ali, apenas errantes, distantes, amantes. Era noite ainda, mas pareciam ter caminhado sob um domingo de sol.

Quadro: Nu reclinado (Modigliani)

Policarpo, o da Veja

Mais uma "bela" capa de Veja, visando esconder os fatos (ou inventá-los, afinal eles tem esse poder como a "revista de maior circulação do país")... E ainda saiu com essas no seu Editorial: “a imprensa está sofrendo um ataque à liberdade de expressão” e estamos sendo todos “manipulados através das redes sociais”. Não adianta a Abril chorar, a internet (redes sociais, blogs, twitter) tornará cada vez mais difícil o discurso único. A regulação, democratização e pluralidade da mídia estão a caminho...

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Rápido e Rasteiro (Chacal)


                                                               Vai ter uma festa
                                          que eu vou dançar
                                   até o sapato pedir pra parar
 
                                                                         
                                                                       Aí eu paro
                                              tiro o sapato
                                        e danço o resto da vida.

Fred Astaire, que "dançou o resto da vida", em foto de Bob Landry (1945)




sábado, 12 de maio de 2012

Diálogos

Orhan Pamuk (Istambul, p. 16), Prêmio Nobel de 2006, parecendo em diálogo (na minha cabeça, pelo menos) com nosso Guimarães Rosas, em Grande Sertão Veredas, e " a astúcia que têm certas coisas passadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares." O pensamento como uma aldeia... Que belezura os dois trechos.

"Em turco, temos um tempo verbal específico que nos permite distinguir o que ouvimos dizer daquilo que vimos com os próprios olhos; quando relatamos sonhos, contos de fada ou fatos do passado que podemos ter testemunhado, é esse o tempo que usamos. É uma distinção muito útil quando “rememoramos” as nossas primeiras experiências de vida, o berço em que dormíamos, o carrinho de bebê em que éramos empurrados, nossos primeiros passos, tudo da maneira como nos foi contado pelos pais, histórias que ouvimos com a mesma atenção arrebatada que poderíamos dar a um relato brilhante de outra pessoa. Depois que se gravam em nossos espíritos, os relatos alheios sobre o que fizemos passam a contar mais do que as coisas de que nós mesmos nos lembramos. E da mesma forma que ficamos sabendo das nossas vidas por intermédio de outros, também deixamos que os outros acabem dando forma à nossa compreensão da cidade em que vivemos."
 “Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos; uns com outros acho que nem se misturam (…) Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo coisas de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras de recente data. Toda saudade é uma espécie de velhice. Talvez, então, a melhor coisa seria contar a infância não como um filme em que a vida acontece no tempo, uma coisa depois da outra, na ordem certa, sendo essa conexão que lhe dá sentido, meio e fim, mas como um álbum de retratos, cada um completo em si mesmo, cada um contendo o sentido inteiro. Talvez esse seja o jeito de escrever sobre a alma em cuja memória se encontram as coisas eternas, que permanecem…”

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O Desabafo de Lúcifer


             Estou cansado destas maledicências que andam esculhambando há séculos sem fim a minha imagem. Desde que decidiram inventar essa batalha cósmica entre o Bem (Ele) e o Mal (Eu), sobrou pra mim... Afinal, não ficaria bem para Ele, O Todo Poderoso, assumir esse outro lado de Sua personalidade. A maldade personificada pelos textos apócrifos, criados pela equipe Cristã-Grega com esmero, tinhas apenas a função de me sacanear. Graças a Platão, que inventou que o mundo das ideias tinha que ser bom e perfeitinho (como poderiam querer que isso funcionasse no mundo real!?), fiquei com a alcunha de estraga prazeres da humanidade (logo eu, que ofereço tantos prazeres aos homens e atiço suas vaidades como ninguém). E olha que não comecei assim. Eu era um anjo dos mais queridos nas alturas celestiais (desconfio até que o preferido Dele...), até a criação de Adão. O que Ele esperava? Resolve criar um ser visivelmente inferior ante os olhos de seus anjos magníficos e espera que todos baixem a cabeça? Comigo, não! Logo eu, Lúcifer, portador da Luz e gerado do fogo (material nobilíssimo, como sei que sabem), achei humilhante inclinar-me a um ser feito de barro, essa substância das mais reles... A minha recusa foi considerada soberba. No fundo acho que foi uma desculpa, pois de fato Ele temia alguma rebelião liderada por mim para tomar-Lhe o trono (dificilmente conseguiria, Ele tinha maioria nas duas casas parlamentares e mais Ministérios a oferecer...).  Desça já do Céu, ordenou-me. Desde então tenho sido mais apedrejado que Judas (outro filho de barro Dele que nem querubim era!). Eu, que era conhecido como "estrela da manhã" ou “astro brilhante”, passei a representar a perversidade, tentação, luxúria, morte e destruição. As trevas, enfim. Os termos que me alcunharam, diga-se de passagem, são de um mau gosto infernal: Capeta, Coisa Ruim, Diabo, Demônio, Satã, Cão... Pronto, criou-se a guerra! Tenho meu orgulho de anjo (mesmo que caído), ora essa, e até hoje não baixo a cabeça para homem (ou Deus) nenhum. Levo para as profundezas qualquer um que caia nos meus encantos. E como é fácil seduzir essa turma... Um soprinho de maledicência no ouvido; a forma de uma bela mulher; infiltrar-me em Wall Street e em palácios, nas mentes mais simplórias e nas mais refinadas... Instigar a fraqueza da carne e do espírito dos homens é das tarefas mais simples. Mas, convenhamos, muitos de vocês nem sequem precisam ser persuadidos a cometer o pecado... A própria cobiça e vaidade fazem o serviço que a mim caberia, de modo que, definitivamente, não me sinto imputado de todos os males deste planeta.  Assumam sua parcela e parem de debitar tudo na minha conta! Por exemplo, não agi diretamente sobre a fome na África, o trânsito de São Paulo, o peido no elevador, o racismo, a segunda feira, o machismo, o feminismo, a Candelária, o Carandiru, a homofobia, Hitler, o calor de Teresina, o cabelo de Neymar, Antônio Carlos Magalhães, as fogueiras na Idade Média ou os estupros em massa na Bósnia (Embora confesse que fico admirado e orgulhoso com o potencial da humanidade...). Stálin, tudo bem, assumo como um dos meus mais belos trabalhos... Acho que o Século XX merecia uns 13 Oscars (incluindo o meu, de Melhor Direção, claro), mas muitos atores não estiveram sob a minha tutela... Mas, no final, que Obra Prima de Século, hein?! Obrigado a vocês, humanos, pela parceria bem sucedida nesse caso. Mandamos bem!! Mas as dez pragas do Egito foram enviados por Ele e nenhuma teve nem sequer um empurrãozinho meu. Por isso entendam de uma vez por todas que o vício e a virtude, a luz e a escuridão, Ele e Eu, o bem e o mal, são coexistentes, dependem um do outro para manter o equilíbrio universal para essas suas vidinhas de mortais. Como esperavam que todos coubessem no Paraíso, afinal? Iria virar uma zona pior que o inferno, que já tem mais gente que a China, a Índia e Taperoá juntas! Como poderiam homens e mulheres viver sem o medo da culpa, do pecado, da liberdade?? Todos levando a vida sem lembrar o pecado original (sim, aquela maçã também foi obra minha...) e fazendo apenas o que suas consciências determinassem?  Acham que o mundo não viraria um completo desgoverno? Algo difícil de controlar? Meu trabalho é muito pouco reconhecido, de fato...  Esse é o ponto! É isso que me faz ficar indignado com a injustiça de xingamentos, maldições e apedrejamentos que vocês, sem se aperceberem bem da história toda (e de sua parte na pendenga), vem descarregando nas minhas costas. Ficar calado milênios enquanto vocês querem me tomar de bode expiatório não é fácil... Vejam se pelo menos respeitam a beleza e majestade da minha figura (dá uma sacada aí em cima...). Parem com essa merda de me pintarem de vermelho ostentando um par de chifres e um rabo ridículo! Eu não sou Pã, ora bolas! Aproveitando um desses ditados bobos de vocês, o diabo não é tão feio como parece... Isso lhes asseguro. Outra garantia é que, fiquem espertos, espero vocês no Dia do Juízo Final. Aí, quem sabe, consigo derrubar dos Céus também muitos de vocês por suas próprias merdas... Vamos ver, vamos ver...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Química Ambiental de Solos

Aos colegas de ciências agrárias, biológicas, química, ambientais e afins:

Divulgando a homepage do nosso "Grupo de Pesquisa em Química Ambiental de Solos" (Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, UFRPE). O grupo conta com 10 pesquisadores, duas pós-doutorandas e vários estudantes de graduação, mestrado e doutorado. Mais de 100 artigos no tema foram publicados pelo grupo em revistas nacionais e internacionais, além de livros e capítulos de livros. Mantém parcerias com instituições do Canadá, Cuba, França, Espanha e EUA.

Mais detalhes no link: http://www.ufrpe.br/pgs/gpqas/index.php/equipe.html

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Para Belchior


             Onde estás, poeta louco? Eu te pergunto: Blackbird? Blackbird? E tu respondes: Assum Preto, Assum Preto... Teus versos na voz agreste são de cortar a carne e a memória ("E vou viver as coisas novas que também são boas, o amor, humor das praças cheias de pessoas, agora eu quero tudo, tudo outra vez"). Sim, "Meu pai na cabeceira, minha mãe me chama, é hora do almoço", mas quero mesmo é pisar o Empire State com as sandálias de couro que comprei lá no teu Sobral... Mundo globalizado, mas a aldeia continua nossa, poeta doido. Por isso, nem sempre "um tango argentino me cai bem melhor que um blues", caro Antônio Carlos. Que medicina que nada!! Saíste foi cantando que "o passado é uma roupa que não nos serve mais". Se tivesses nascido nos States, serias um Ginsberg tocando o violão de Dylan... Sorte minha, nascestes no Ceará, e entendes o cerne do cerne do cerne do cerne do cerne do cerne da questão...

Acrilic on Canvas

Olhando nossa vida de fora, como um intruso nos nossos próprios dias, vejo mais de perto a espada que corta as nossas carnes, as partes tenras e as fortes, com a mesma lâmina impiedosa que algumas vezes lacerou as almas. Mas no fim, o que resta de nosso sangue cálido escorre pelas bocas, esparrama-se pelo peito rasgado e nutre de seiva vermelha e adocicada o amor que sempre nos uniu.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Teló

O bicheiro Carlinhos Cachoeira acaba de declarar que Demóstenes-duas-caras é, de fato, cria sua... Mas nega qualquer participação na gênese de Michel Teló... "Eu não iria tão longe", garantiu. Sarney, o chupa cabra e o diabo serão os próximos interrogados sobre o fato...

O Veto

 
Eu confio. A Presidenta certamete vetará em grande parte o anacrônico e, na minha opinião, natimorto Código Florestal. Dilma já deixou claro que não permitirá o avanço da agropecuária sobre áreas de florestas protegidas e muito menos perdoará com anistia os que descumpriram a legislação ambiental. Quem conhece bem a moderna agricultura, com os recursos técnicos e intelectuais consideravéis de que dispomos, sabe que não precisamos da destruição de mais áreas de vegetação nativa para produção de alimentos. Fome e segurança alimentar são problemas de desigualdade social, não de produção agropecuária. O texto aprovado pela Câmara dos Deputados pode ser classificado, para o dizer o mínimo, de vergonhoso. O texto que o Governo e o Senado negociaram tinha suas falhas... Mas o que saiu da Câmara é um monstro anacrônico! A Câmara dos Deputados, por sinal, não perde a oportunidade de nos deixar atônitos e embaraçados com sua desconexão em relação a um país que já merece mais e melhor de seus representantes. Ver o sorriso de "líderes ruralistas" que parecem saídos de um tempo de trevas, como Ronaldo Caiado, e as manobras de políticos da base aliada e do próprio PT capitaneados por Paulo Paim (PMDB-MG), com seus mandatos devedores aos financiamentos de campanha (outra chaga que precisa de intervenção...), acender as velas do atraso, é assombroso. Temos bons políticos na casa, vale dizer, pois jogar lama em tudo só serve aos canalhas que precisamos desapropriar de gabinetes e ministérios (É a nossa velha e combalida, mas sempre necessária, esperança na Democracia e no voto popular). Isso tudo a menos de 60 dias da Rio+20 e de o Brasil, como nação de rica biodiversidade e crescentes avanços sócio-econômicos, poder sinalizar caminhos de sustentabilidade ao mundo. A Presidenta Dilma, certamente, vetará.