segunda-feira, 27 de junho de 2011

Lavanda

A menina atravessou a rua com seu vestido florido e o sorriso imenso. Parecia a lavanda dos jardins de Grenoble. Tinha cheiro de lavanda. O dia pesado, calor aprisionado na cidade entre montanhas, ficou mais leve, pareceu flutuar com o vestido da menina. Ela foi embora com a esquina. Ficamos abandonados, com o calor da cidade entre montanhas, sem esperança de sono tranquilo ou cheiro de lavanda.
 

domingo, 19 de junho de 2011

That's what Nature does!

Uma muito bem humorada lembrança de que o planeta sobreviverá a nós... Discernimento é essencial. 

sábado, 11 de junho de 2011

Dans Notre Plage

Foto: Autoria não encontrada
           Havia as palavras, as inúmeras palavras inventadas por todas as línguas e por todos os séculos, que se erguiam como montanhas ante a fome de lhe abarcar o sentido. Desenhadas para a poesia, para a prosa, para o romance, as palavras esgueiravam-se por todos os cantos, tentando encontrar brechas na natureza fugidia das coisas. Elas cheiravam os sons, as peles, os movimentos, os cabelos, os minutos, os sorrisos... Mediam a temperatura dos corpos, analisavam as gotas de suor, mordiscavam as orelhas dos amantes, soprando-lhes o desejo angustiante enquanto buscavam a apreensão dos olhos iluminados. Tentava escapar das armadilhas da semântica, com gracejos e ondulações, o que houvesse de palpável pelo substantivo, pelo adjetivo, pelo verbo. As palavras, enfim, aquietaram-se. Exaustas, mesclaram-se aos corpos, emprestando-lhes o sentido que lhes é de sua propriedade emprestar. Estavam lá, todas as palavras inventadas por todas as línguas e por todos os séculos, enquanto o silêncio trazia as primeiras cores da manhã.