sábado, 11 de junho de 2011

Dans Notre Plage

Foto: Autoria não encontrada
           Havia as palavras, as inúmeras palavras inventadas por todas as línguas e por todos os séculos, que se erguiam como montanhas ante a fome de lhe abarcar o sentido. Desenhadas para a poesia, para a prosa, para o romance, as palavras esgueiravam-se por todos os cantos, tentando encontrar brechas na natureza fugidia das coisas. Elas cheiravam os sons, as peles, os movimentos, os cabelos, os minutos, os sorrisos... Mediam a temperatura dos corpos, analisavam as gotas de suor, mordiscavam as orelhas dos amantes, soprando-lhes o desejo angustiante enquanto buscavam a apreensão dos olhos iluminados. Tentava escapar das armadilhas da semântica, com gracejos e ondulações, o que houvesse de palpável pelo substantivo, pelo adjetivo, pelo verbo. As palavras, enfim, aquietaram-se. Exaustas, mesclaram-se aos corpos, emprestando-lhes o sentido que lhes é de sua propriedade emprestar. Estavam lá, todas as palavras inventadas por todas as línguas e por todos os séculos, enquanto o silêncio trazia as primeiras cores da manhã.

2 comentários:

  1. LEIDIVAM

    Só espero eu, cá pensando com a minha falta de botões que: O Silício, O Cádmio, O Níquel e todos os seus “coleguinhas” da alta DENSIDADE “social”, não o “vejam” falando tão BEM ou tão “FILOSOFADO” do mundo e a das coisas que nele HÁ, e não se sintam esquecidos ou menos valorizados pelo seu grande pesquisador... rsrsrsrsrs
    Às vezes não sei se os METAIS PESADOS ganharam um pesquisador filósofo, ou se a filosofia por fim herdará um grande pensador... Parabéns

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  2. "Os amantes, por sua vez, gozam de sentimentos inexplicavéis de ordem irracional ou inconsciente. Seu sentimento é inexplicável e, portanto, inexprimível, salvo pela literatura ou pela poesia..."

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