segunda-feira, 18 de junho de 2012

São João


Na minha infância, o São João (esse Santo sempre determinou o conjunto junino que seria também de Antônio e Pedro) estava dentro de mim. Volto com minhas memórias meninas a minha cidade natal: o cheiro das comidas de milho, as fogueiras e o forró pé de serra, que me acaricia o coração com seus versos simples de uma belezura profunda, são muito em mim. Nem mesmo a artificialidade e industrialização de um Parque que, afinal, é do Povo, com alguns sons inoportunos que em nada, de riqueza melódica ou lírica, enfeitam meus ouvidos e olhos com uma cultura que seja minha, que seja eu, consegue apagar a força do São João que vive dentro das minhas lembranças. Salvam-me Antônio Barros e Cecéu, Marinês, Biliu de Campina a pandeirar como Jackson, Os Três do Nordeste, Amazan, Flávio José, que criam e reproduzem as canções dos mestres de nossa cultura. Esses ecos me benfazejam o que sempre se destinou em mim. O corpo desenha com a memória os passos das quadrilhas de menino na cidade que em muito ainda é minha. O São João ainda está dentro de mim.

Um comentário:

  1. Que as árvores me perdoem! Saudade do cheiro da fogueira feita por vovó, lá na casinha da roça... Onde gritávamos: VIVA SÃO JOÃO, no outro, no outro, no outro... Era um ritual, para firmar compromisso com o ano seguinte, e repetir aquele gostoso momento. O forró, canções com sabor de nordeste, que brincávamos e não percebíamos o raiar do dia. Comemoração danada de boa! INFELIZMENTE, a invasão do forró eletrônico, parece tornar essa época tão distante, diria pré-histórica. Saudades!!!! Bem, deixando o saudosismo de lado, outra lembrança que tenho desta época é o perigo dos fogos tocados durante este festejo, que fazem muitas vítimas. Lembro-me como hoje, uma jovem, que sofreu queimaduras no rosto; depois de alguns dias, quando conseguiu abrir os olhos, e percebeu que não tinha afetada sua visão, agradeceu a inteligência suprema, Deus. Belo rosto! A deformação que poderia ficar no seu rosto se tornou insignificante, diante da paz que sentiu ao poder ainda enxergar. Olhos com poder de contemplar a vida! Muitas vezes quando atribuímos maior preço a uma coisa, ficamos menos sensíveis com a perda de outra.

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