domingo, 3 de junho de 2012

O Anjo de Chuva


 Sou aos pedaços, inacabado. Às vezes me movo como caranguejo no mangue ou como leão na savana. Deveria ter enlouquecido aos 17, quando tudo era (mais) permitido. Mas acaricio a maturidade com olhos por vezes descuidados e muito atenciosos. Olhares que devoram ruas, praças, corpos e cidades com as mesmas articulações dos dedos que esmagaram o silêncio da boca. Junto significados e experiências na fenomenologia antes impossível. Acender a luz e apagar o quarto. Maravilhar-se sempre. Mesmo com a chuva, a dor e a alegria que molham a janela de um sábado sem sol.


Imagem de autor desconhecido, mas que guarda total semelhança com o anjo que ontem pousou na minha janela...

2 comentários:

  1. Poética imagem, fala por si só. Não desmerecendo o moderno e lapidado texto. Permita-me fazer um breve comentário sobre um “ANJO”. Era madrugada, penso que não queria me acordar, pois chegou quando estava em profundo sono. Sua voz era suave, arriscaria até descrever sua serena face; sussurrou bem próximo: Liga para “ELA”, repetiu novamente, falava de alguém que amava muito. Mesmo entorpecida pelo cansaço lhe perguntei: Por quê? Ele respondeu: Quer falar com você, e logo precisará partir. Meu coração inquieto logo me acordou, era apenas 3h da madrugada. Entre lagrimas, aquela noite parecia estar congelada, ou alguém atrasava o ponteiro do relógio. Amanheceu! Liguei angustiada, e aquela voz do outro lado, confortou meu coração com palavras saudosas e carinhosas. Três dias após, ela entrou em coma, e apenas dois dias mais partiu. Infelizmente aquela manhã foi a ultima vez que ouve sua voz. O encontro com aquele “Anjo”... Como dizem: Existem encontros, reencontros e desencontros. ENCONTROS que passam; REENCONTROS que ficam; e encontros que são verdadeiros DESENCONTROS.

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  2. Poética imagem, fala por si só. Não desmerecendo o moderno e lapidado texto. Permita-me fazer um breve comentário sobre um “ANJO”. Era madrugada, penso que não queria me acordar, pois chegou quando estava em profundo sono. Sua voz era suave, arriscaria até descrever sua serena face; sussurrou bem próximo: Liga para “ELA”, repetiu novamente, falava de alguém que amava muito. Mesmo entorpecida pelo cansaço lhe perguntei: Por quê? Ele respondeu: Quer falar com você, e logo precisará partir. Meu coração inquieto logo me acordou, era apenas 3h da madrugada. Entre lagrimas, aquela noite parecia estar congelada, ou alguém atrasava o ponteiro do relógio. Amanheceu! Liguei angustiada, e aquela voz do outro lado, confortou meu coração com palavras saudosas e carinhosas. Três dias após, ela entrou em coma, e apenas dois dias mais partiu. Infelizmente aquela manhã foi última vez que ouve sua voz. O encontro com aquele “Anjo”... Como dizem: Existem encontros, reencontros e desencontros. ENCONTROS que passam; REENCONTROS que ficam; e encontros que são verdadeiros DESENCONTROS.

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