quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Dois pesos e duas medidas (pelo menos por enquanto...)


Com a condenação de João Paulo Cunha, fica claro que a Ação Penal 470, cunhada, errônea e maliciosamente, de "mensalão" pelo corrupto confesso e ex-deputado Roberto Jefferson, e repetido (sem aspas) à exaustão pela grande mídia e pelos reprodutores inadvertidos do discurso único, fica claro o direcionamento dos ministros do STF em condenar o esquema de caixa dois e dar à grande mídia a chance de trata-lo como um julgamento político, apesar das fragilidades da acusação do Procurador Geral em pontos importantes levantadas pelo revisor, Ministro Lewandowski. Os que queriam sangrar um ParTido, pelo qual têm um ódio de nascença (e não há nada, nem mesmo as estatísticas sociais ou econômicas dos últimos dez anos que mude isso) sentem-se satisfeitos até o momento. Ficarão até o final do processo, pois não há perspectiva de que a maioria dos ministros mude o direcionamento depois dessa primeira rodada de votos ou resista aos clamores da "opinião pública", tão bem direcionados pela mídia. Apenas hoje, após a unanimidade dos ministros ter votado a favor da absolvição de Luiz Gushiken, ex-Secretário de Comunicação do Governo Lula, os repórteres do Jornal Nacional o qualificaram como “inocente”... Até então ele “não tinha sido condenado por falta de provas”. Assim é o julgamento da mídia. E sem direito de retratação, a não ser aquela feita na fala do Ministro Lewandowski. Uma comentarista da Globo News, com o prazer estampado no rosto risonho, não perdeu a chance de decretar que o tal ParTido agora perderia a aura de “diferente dos demais que sempre quis apresentar”. Ou seja, torce felizmente para que os seus telespectadores queiram jogar fora o bebê junto com a água suja. Os que tem senso crítico saberão diferenciar água e bebê; caixa dois de pagamento mensal por apoio a um governo que já tinha ampla maioria dos votos no parlamento; ranço histórico de opinião sustentada em fatos e provas.
Até esse momento, o “mensalão do PT” não foi usado pelos seus adversários na campanha eleitoral pelas prefeituras e vereança. Talvez ao final do julgamento o façam. Dificilmente, a não ser pelos que são anti-petistas de coração, isso ecoará algum efeito importante nas eleições próximas como os sorridentes comentaristas políticos desejam. O partido do Lula sobreviverá a mais essa, sem grandes estragos, como já aconteceu em outras tentativas de linchamento público do gênero promovidas pelo PIG (Partido da Imprensa Golpista). Não, o ParTido não é feito de santos e cometeu crime de caixa dois, como todo e qualquer partido deste país em todas as eleições. Pagará o pato desta feita por ser o “escolhido” pela grande imprensa para sangrar em público pelos crimes que, jamais defensáveis, diga-se de passagem, são comuns a todos. Esperemos que o mensalão dos tucanos (este, sim, “com provas de todos os tipos, documentais e testemunhais”, como declarou o Ministro Ayres Britto), por exemplo, seja julgado, pois se aproxima sua prescrição. O Ministro Joaquim Barbosa (elevado à categoria de Batman por alguns e de salvador da pátria pelos mesmos) lembra que está atento ao mensalão do PSDB. Este, curiosamente, nunca julgado ou divulgado pela imprensa com o mesmo "fervor cívico". O Ministro Barbosa, quando respondendo aos questionamentos sobre a ação penal 470, devolve aos repórteres: "E sobre o outro, vocês não vão perguntar nada?" Obtém sorrisos amarelos como resposta...  

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