segunda-feira, 11 de março de 2013

Samba & Poesia


Bebadosamba (Poema de Paulinho da Viola)


Um mestre do verso de olhar destemido
disse uma vez com certa ironia:
Se lágrima fosse de pedra
eu choraria

E eu, Boca, como sempre perdido,
bêbado de sambas e outros sonhos
choro a lágrima comum
que todos choram

Embora não tenha nessas horas
saudade do passado, remorso
ou mágoas menores,
meu choro Boca,

dolente por questão de estilo
é chula quase raiada,
solo espontâneo e rude
de um samba nunca terminado

Um rio de murmúrios da memória
de meus olhos que quando aflora
serve, antes de tudo,
para aliviar o peso das palavras
Que ninguém é de pedra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário