O diálogo é real e se passa, com poucas variações, todos os semestres. Neste momento, dois seres mitológicos (aluno não aprovado e professor impiedoso) se debatem para o entendimento de porque não se entendem. Os ideais, o desejo de formar profissionais críticos, tecnicamente competentes, socialmente engajados e éticos, perde-se entre disputas matemáticas onde a tal da nota prevalece, e não mais o mérito, o esforço pessoal ou o aprendizado.
Falta apenas 1 pontinho para passar professor... (faz a carinha triste e diz que seu gato se suicidará e um novo Tsunami atingirá o Japão se não passar na disciplina).
Acho que você não entendeu. Esta é uma prova final e, na verdade, isso não significa apenas um ponto... E veja: dei um bom empurrãozinho aqui e acolá e você já está com 1,5 ponto a mais do que deveria ter... (Faz a carinha de quem não entendeu ou não interessa isso, pois, em verdade quer simplesmente “ganhar” mais 1 ponto, assim, feito mágica).
Mas eu sei o assunto... (Hora da carinha de injustiçada...).
Mas suas notas, antes de chegar a final, variaram de 2 a 3,5... Tem certeza que você realmente se dedicou como deveria? (mesmo admitindo que o único material que estudou foram os slides – que nem sequer levava para a aula mesmo sendo entregues com antecedência - e não os livros recomendados, diz que sim, sim, me dediquei...).
Contará outra estória para os amigos que talvez concordem, por fim, que o professor é um monstro que devora sem piedade futuros engenheiros brilhantes e alunos dedicados... E, pior, se satisfaz com isso!
Talvez alguém estivesse certo quando disse: Alunos e professores são amigos até que a nota os separe. Será que precisa ser assim? A NOTA, esta entidade que se tornou maior do que ser profissional, do que ser agrônomo, do que o próprio Aprender (do qual a nota é mera e tosca avaliadora...) é que dita tudo. A pergunta não é Aprendeu? Viu a beleza que há na fotossíntese ? Encantou-se pela bela profissão que escolheu? Não, a questão é Passou?
Pergunto-me o que aconteceu com muitos dos nossos alunos (e, nesse diálogo de surdos, não me eximo de pensar o mesmo sobre alguns de nossos professores...). O simplesmente passar é o mais importante, mesmo que seja tirando nota 3 até A final... E até O final. Não importa: o Diploma é a entidade divina que, ao que lhes parece, dará todos os direitos (não apenas oficiais, mas no plano intelectual e moral) de exerceram a profissão que escolheram com o respeito e a dignidade que a ela deveriam ser atribuídos.
Por fim, com alguma tristeza e frustação, continuo na profissão de professor. Talvez por que alguns alunos ainda tem o brilho no olho do aprender, do maravilhar-se, do entender a alegria e o prazer do real compreender este mundo. Alguns nos dão mais do que se espera deles, esses são excepcionais (Algo que ninguém precisa ser, aliás...). Alguns doam o melhor de seu esforço e desejo de aprender, apreender, reconhecendo suas fraquezas e buscando suprimi-las com a ajuda do professor. Os alunos (os de todos os tipos que há...) lhe fazem pensar como você próprio, professor, precisa melhorar para manter o diálogo positivo necessário a essa relação tão bela e tão delicada... Todos eles me fazem ser, e continuar sendo, professor.
LEIDIVAM
ResponderExcluirKKKKK estou às vesperas de prestar concurso para professor...
- Um dia eu ouvi um crítico educacional dizer que, o problema das notas ruins na faculdade estava no ensino médio que é péssimo.
- Já uma pedagoga na TV escola disse que era no ensino básico, que era de péssima qualidade.
- Aí os construtivistas dizem que o problema está no ensino fundamental, por que os alunos não têm uma formação AMPLA e não aprendem a pensar, a discutir e serem críticos.
Logo dirão que o problema está no PERIODO GESTACIONAL.
É uma discussão longa e séria, principalmente em relação à AVALIAÇÃO. Particularmente eu detesto PROVA, por que a “PROVA” em si não PROVA nada, mas para muitos professores é a forma mais rápida de terminar o semestre e dizer que a culpa da reprovação não dele e sim do aluno que não estudou para a PROVA. Mas também do aluno que ficam apenas nos cadernos e parecem ter medo de livros.
As “MINA” não gostam dos CDFs e os “CARA” gostam de mulher “DISCOLADA”...
É o retrato da sociedade em sua mais profunda decadência intelectual e moral no setor acadêmico. Talvez essa habilidade (dom) que alguns alunos tem em mudar rapidamente seu estado emocional e tentar persuadir (neste caso sem lógica) o professor seja adquirida no início do curso, no qual devem encontrar facilidade e "brecha" em algumas disciplinas. Assim, com o passar do tempo transformam-se em verdadeiros atores da "comédia acadêmica" (outros preferem encenar outro 'gênero teatral') em busca do seu objetivo, que é passar, claro!!!
ResponderExcluirAcredito que na pós-graduação este "chororo" seja bem menor!!!
Abraço
Pois é, também acho que muitas vezes a nota de uma prova não avalia nada!
ResponderExcluirMas afinal, se alguns professores acham isso, para que as provas?
Ou melhor, porque em uma situação desta, o professor não opta por testar os conhecimentos do aluno?
Se nota medir algo, vamos ao plenário pedir para que haja uma avaliação dos formandos de Agronomia, assim como há a prova da OAB.
Enfim... Para o teatro universitário brasileiro, Pedir pontinhos não é válido, nem reavaliação da prova, visto que.. elas sempre são resultados de empurrãozinhos aqui e acolá!!
Digo ainda, revisão também nem sempre é válida... ainda não avalia correto?
Fica só mais uma vez a pergunta:
- Não se testa alunos em 'conversa' por medo de admitrem que de fato, uma mera prova não avalia nada?
Pois é professor.
ResponderExcluirAmei ler este texto.
Me identifico muito com ele e com toda a realidade que é relatada.
O tempo passou e as turmas se modificaram drasticamente. Quando comento com os amigos sobre a "minha época" de Graduação, parece que me remeto a um tempo tão longínquo.
Mas na verdade em Agosto completarei 2 anos de conclusão da Graduação. E me pergunto: O que aconteceu?
Ainda não estou na condição de professora, mas reflito mais e mais a cada dia sobre isto.
Recordo-me de quando era criança e jamais dizia que sonhava em me tornar professora, porque via o que os meus colegas de classe "aprontavam" e, não desejava aquilo pra mim.
Meus sonhos se confundem com a vontade de querer, de ser.
A razão e a emoção se convidam para um duelo, e adivinhe quem está no meio? Eu.
Sei que só o tempo dirá o que fazer. Mas tenho planos, muitos planos.
Realmente é um retrato, de uma sociedade com educação totalmente desigual, onde os que não tiveram oportunidade de uma educação de qualidade acabam optando por uma profissão que está ao seu nível educacional, e não porque tem afinidade com a profissão.
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