quarta-feira, 3 de abril de 2013

Poema Molhado

Tem água em cada célula. Tem água na sede, no desejo e na folha da planta. Até na Coca-Cola tem água. No céu tem água que cai. Lambe terras, carrega sal pro mar. Viaja céu, brincando de vapor. Tem água no umbigo, no nariz e na bosta do gato. Tem água na flor: sem ela nem planta seria. Semente se sonha em planta, em flor, mas sem água sonha nada, desanda, secura sombria de ser nada, sem água, sem vida. Tem água no suco, no coco, no canudo, no muco e no suco gástrico. Tem água em tudo. Tem água na língua, na boca, na tua e na minha. Tem água no beijo. Tem água até na poesia. Bendita água, lambida de minha língua, água desse poema molhado.


Um comentário:

  1. Sim, está em tudo! É bem querer mais que querer! A ausência dela na torneira amargura qualquer cidadão. Abriu-se a torneira e escutou o som dela vindo de muito longe. “Talvez ela chegue no finalzinho da tarde! – Perguntei: Como sabes? – Pelo barulho gritando no fundo do cano, a esperança, fala que a noite iremos tê-la.” Na cidade, dias sem água, antes chamado de racionamento hoje com o castigo da seca que definha a vegetação, gado, bode, cabra, e o Chico é acreditar na voz da esperança. Na falta dela saliva-se e escuta a angustiante ilusão de sua chegada rasgando o cano. Na falta dela também pede-se ao vento para soprar e secar o suor que escorre pela testa nos dias seco.

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