sexta-feira, 12 de abril de 2013

Sina no Pina

No calor das ruas do Recife, eu guardava teu sol na pele. O odor primaveril do teu aroma de mulher passeava ainda no meu nariz suado. Tua ausência no barulho daquelas avenidas entregava uma suavidade lacônica aos meus ouvidos mortos de tua voz. Teu sorriso na tarde punha-se a rir da minha cara. Escondo a cara, mas na memória persistem tuas mãos imensas. Sigo pelas calçadas. Morro por ti em cada esquina.


Um comentário:

  1. Sina, expiação, destino ou provação, só crendo mesmo assim, para compreender porque tantas pessoas nascem para conviver com o afago da maldição. Vivenciam misérias, infelicidades, assim como a amargura da solidão. Nascem, com hora, dia, mês e ano agendado para consumar o extermínio do músculo oco mais precioso do cidadão.
    Como neste acontecido, permita postá-lo: Pai, mãe e filho, três em um, alinhados pelo laço do sentimento. O pequenino tinha apenas três anos, mas já estava na corda bamba, entre a vida e a morte, pois era portador de leucemia. O pai era um homem descrente, a mãe o poço de devoção, mas sem fé ou com ela, se uniram para lutar pela vida do pequenino, cada uma da sua maneira. Após alguns meses de tratamento, fé, amor, esperança e perseverança ele estava curado. Há quem creia em água transformasse em vinho... Felizes, mas infelizmente, a família pegou a estrada para agradecer aos pés de Nossa Senhora Aparecida. Percurso longo, muito longo... Estavam no meio do caminho quando um fatal acidente levou o pequenino. Apenas o pequenino, o único privilegiado! Mãe e pai tiveram apenas ferimentos leves, ou melhor, ferimentos que não sangraram muito por fora, mas sangraria infinitamente por dentro. Fatalidade, talvez muitos acreditam assim, mas no fundo acho que aquela doença veio antes para anunciar que o pequenino não iria crescer, mesmo após tanta firmeza dos pais perante aquela situação, coisas da SINA. Penso que o mais difícil não foi retornarem silenciosamente o caminho sem ele, mas continuarem sentindo o perfume jovial da presença dele pela casa, por toda vida ou pelo que ainda restará dela. A SINA é assim: a vida deixa a gente acreditar que pode organizar tudo do nosso jeito e, em questões de segundos, ela nos passa a rasteira e desorganiza tudo, deixando do jeito dela.

    ResponderExcluir