Deu aqui um troço bom. Coisa que escorrega
pela garganta, rói as tripas e dá um rebuliço danado na descida. O
inusitado ignora a gravidade. Não tem neurônio que resista. Entregam-se
um e outro a essa alegria tranquila. É felicidade furtiva,
fugidia, dessas que se tem nas noites de céu profundo, com as estrelas
furando o negrume lá no bem longe daqui. Sentem-se os sintomas
premonitórios dessa vertigem chegando de tudo que é lado. Pelo umbigo,
frio que nem perereca, e pela nuca, já plugada numa auréola. Vira tudo
uma gastura gostosa, melosa, radiosa. O troço toma tudo e já não se
explica nada. E não há explicação que valha.
Foto: Elpídio Filho (Viçosa, Minas Gerais) |
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