sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Uma tarde em agosto

Trouxe-me um poema. As mãos ainda úmidas, com chuva entre os dedos. Tinha-o roubado de um poeta que caíra de uma das nuvens tempestuosas daquela tarde. Era um poema de céu, de terra, de água e sem sol algum. Era um poema molhado, como o poeta caído das nuvens. Deixou-o em minhas mãos. Acolhi-o como um a um pássaro. Aqueceu-me aquele poema dela, entregue com as mãos úmidas e o amor quente que ela carrega pelo mundo, curando e arranhando feridas com a delicadeza peculiar de sua pele quente. Trouxe-me um poema naquela tarde úmida. Era um poema com asas. Um poema alado, sem sol algum, que pousou em mim caído de uma poeta com mãos úmidas.


Um comentário:

  1. A VIDA SEM POESIA É COMO RIO QUE MORRE SEM DESAGUAR NO MAR, assim falava uma poetisa analfabeta. Permita-me postar um matuto fato ao lodo do seu poético e convidativo texto molhado! Ocorreu em tempo remoto, onde nem se imaginava que um dia criança teria ESTATUTO. Uma serelepe matuta que morava na roça, sua mãe nunca deixou que fosse a escola, pois temia que ela aprendesse a escrever e rabiscar palavras doces para moço feiticeiro, qual ela chamava de ladrão de almas. Com muita teimosia ela aprendeu o bê-á-bá, a contar e seu nome desenhar, no entanto, suas graciosas palavras, nunca foram para o papel, muito menos saíram de lá. Ela usou da mesma repressão com sua filha que mesmo analfabeta, felizmente, não deixou essa tradição perpetuar. Sua filha foi morar na cidade aos 18 anos, levada pela canção de um ladrão de almas... Desse sentimento, muitos frutos nasceram: um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete..., melhor até parar por aqui, para as contas não errar! Todos eles tiveram direito a ir à escola. E a vida me presentou com uma das suas descendentes, que me toca com poesia. Logo eu, que achava que carta perfumada era coisa feita apenas por HOMENS dos romances e grandes literários. Essa poetisa analfabeta partiu e não deixou nada rabiscado, mas sua poesia parece viva n’alma de sua neta, a minha amada. Que a poesia nunca morra n’alma dos seres, pois a danada sabe se multiplicar.

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