domingo, 20 de fevereiro de 2011

Blue Hands


Tinha azul nas mãos. Azul intenso e morno. Sabia de tudo porque era mulher. Tentei segurar-lhe as mãos enquanto me contorcia. As mãos se foram seguir as troças do carnaval e o cheiro das ruas. Minhas unhas pareciam sujas dos esgotos. A cidade parecia suja. Love is a dog from hell, resmunga Bukowski enquanto encho a cara de cerveja ouvindo-o falar das putas de Los Angeles. Cão desses que existem mortos na rodovia; com todos os órgãos internos em pasta no asfalto. Insistentemente cão. Cão com estúpidas patas azuis. Assovio melodias populares com o que restou dos segredos. Escuto os segredos. Parecem um bando de sanguessugas que me esvaem cada hemácia. Tento pintar o pátio com esse vazio da tarde. “O amor é um cão dos diabos”.

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