sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Jacileide


Pô, afinal de contas onde está aquele cachorro que a mulher soltou na enchente enquanto (coitada) com a bunda de fora tentava não largar aquela corda? Cheio de coisa pra fazer, viajo daqui a pouco, esperando essa consulta deste f.d.p. que me disse que iria me atender as 9h e deve estar ainda tomando café da manhã. E a Jacileide? Esta secretária com cara de dançarina de "calcinha-preta” me dizendo que "serei o próximo". Já conheço. Com sorte serei atendido lá pelas 12h depois que a prima dele chegar para fazer algum exame de urgência... "O senhor entende, né?". Coitada da Jacileide. Sei que não deveria estar bravo com ela. Provavelmente acordou lá pelas cinco da manhã para tomar dois ônibus até este consultório e agradece a Deus por ter essa cara de dançarina de banda de forró.  Afinal, com o pouco estudo, se não fosse a deselegante sensualidade suburbana vai ver que nem conseguiria essa merreca de emprego com Dr. Fugêncio. Ela até procura se sentir importante dizendo que vou ser atendido “em breve” quando no fundo sabe que quem manda é o cara do estetoscópio. E esse cara pelo jeito chega a hora que quer, visto que já estou com 45 minutos de espera. Vou fazer como a Débora sugeriu e cobrar-lhe o meu tempo desperdiçado aqui, nesta sala de espera onde só se acha Caras e Veja de três semanas atrás (Sairia muito caro para esses sujeitos pelo menos colocarem revistas decentes e atualizadas?!).  Quanta cara feia a pobre da Jacileide tem que aturar todo santo dia por causa de Fugêncio. Pô, mas Jacileide é foda! Sabe que não vou ser atendido nem tão cedo e fica me iludindo com promessas adocicadas de batom Avon e este terninho preto saltando-lhe para os lados as formas arredondadas.  Na revista já sem capa pelo uso incessante dos pobres diabos que, como eu, se submetem a essa espera-sem-hora-marcada pelo doutor, foi que revi o cachorro. Danado é que já o havia esquecido, mas aí a Dona Ilair, a dona, diz aqui: “Coitadinho, ele ficou me olhando com aquele olhinho triste e se foi naquela água. Não tinha o que fazer”. Tenho vontade de, para passar o tempo, perguntar se Jacileide sabe onde diabos foi parar esse cachorro. Deve nem lembrar. Vou mexer com isso, não. Jacileide tá lá quieta tentando nos convencer que o cara “tá já chegando”. Pelo menos ela não precisou mostrar a bunda na TV para ser salva da enchente. Pior é a lembraça da porra do cachorro sendo levado pelas águas. Onde foi parar o bicho? Isso tá me deixando mal. Naymme procurou na Internet e nem notícia do coitadinho. Enquanto espero, liguei para prosear com um amigo e ele acha que viu o gracioso Canis familiaris em Curitiba assistindo uma palestra de Jaime Lerner sobre Cidades Sustentáveis. Asseguram-me que ele foi visto em Santo Amaro da Purificação (BA) sendo alimentado com um naco de carne fresquinha por Dona Canô. “O pobrezinho tava com uma fome das enchentes”. Pronto, chegou o cara com esse Jaleco. Olho o relógio: 10:48. A porra da Jacileide me diz que primeiro tem "us retono" (sic).  Jacileide é foda!! Acho que vou ficar nervoso. Às vezes fico. Coitada da Jacileide. Sabe o quê mais? Vou embora. Aceito não essa merda de 2 horas de atraso. "Cancela aí, Jaci." E o pior é o cachorro indo embora naquela água suja... não sai da cabeça. Pô, cadê aquele cachorro?


5 comentários:

  1. Caro Castillo,
    Você está tão indignado quanto o sujeito na sala de espera...rsrs. Compreendo. Nem todos... Sabemos de médicos deste tipo e dos que respeitam os seus clientes (como em TODAS as profissões: nem anjos nem demônios).
    Um abraço!!

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