Eu me desejo um estupendo 2013. Não me
convencerão que o tempo é uma abstração humana. Acatarei sem discussão
que Primeiro de Janeiro realmente existe; farei dele mais que resolução,
nitidez. Se possível em tela planíssima, LCD de 56 polegadas e Blue–Ray
acoplado. Aceito o Relógio e seus persistentes segundos, um a um. Ele
marcará de fato o que chamamos “passar
das horas”. O Tempo, “esse senhor tão bonito”, ser-me-á amigo e
companheiro. Embriagar-nos-emos juntos, abraçados, dois pinguços loucos e
serenos rindo do nada. Atravessarei a última noite desse ano moribundo
como quem passa de uma dimensão à outra. Einstein que me jogue os dados.
Relativizar é tudo. É isso: quero relativizar mais... Mas muito mais.
Desejo a meus amigos e amigas que façam o mesmo. Façamos com que 2012 se
envergonhe das molecagens cometidas e das alegrias que ficou devendo,
ano mal pagador. Como será Ano Velho, caquético cadáver, façamos a
gentileza de deixar que nos lembre que também nos beijou os lábios com
suspiros de plenitude, agradável memória que se faz passado no presente.
Vá lá... Perdoemos suas falhas, ano fugidio, chato, molhado, enxuto,
passado. Chamemos 2013 para conversa de pé-de-ouvido. Que nos sussurre
suas promessas e vantagens, ano jovem, sedutor, cheiroso. Que
acreditemos que é Ano dito Novo, farto, ano-criança. Traz-nos a
insensatez da esperança. Acaricia-nos, beija-nos, lambe-nos as feridas
laceradas pelo teu decaído antecessor. Dá-nos o Tempo da Delicadeza,
entidade lúcida, ampla, que sem o sabermos conceituar, sentimos seu
passar nos pélos que crescem na cara, nas orelhas, nas partes pudicas.
Sim, Ano Nascido, dá-nos a lucidez da esperança.
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