domingo, 30 de dezembro de 2012

Bravata de ano Novo (ou Reciclando Esperanças)

Eu me desejo um estupendo 2013. Não me convencerão que o tempo é uma abstração humana. Acatarei sem discussão que Primeiro de Janeiro realmente existe; farei dele mais que resolução, nitidez. Se possível em tela planíssima, LCD de 56 polegadas e Blue–Ray acoplado. Aceito o Relógio e seus persistentes segundos, um a um. Ele marcará de fato o que chamamos “passar das horas”. O Tempo, “esse senhor tão bonito”, ser-me-á amigo e companheiro. Embriagar-nos-emos juntos, abraçados, dois pinguços loucos e serenos rindo do nada. Atravessarei a última noite desse ano moribundo como quem passa de uma dimensão à outra. Einstein que me jogue os dados. Relativizar é tudo. É isso: quero relativizar mais... Mas muito mais. Desejo a meus amigos e amigas que façam o mesmo. Façamos com que 2012 se envergonhe das molecagens cometidas e das alegrias que ficou devendo, ano mal pagador. Como será Ano Velho, caquético cadáver, façamos a gentileza de deixar que nos lembre que também nos beijou os lábios com suspiros de plenitude, agradável memória que se faz passado no presente. Vá lá... Perdoemos suas falhas, ano fugidio, chato, molhado, enxuto, passado. Chamemos 2013 para conversa de pé-de-ouvido. Que nos sussurre suas promessas e vantagens, ano jovem, sedutor, cheiroso. Que acreditemos que é Ano dito Novo, farto, ano-criança. Traz-nos a insensatez da esperança. Acaricia-nos, beija-nos, lambe-nos as feridas laceradas pelo teu decaído antecessor. Dá-nos o Tempo da Delicadeza, entidade lúcida, ampla, que sem o sabermos conceituar, sentimos seu passar nos pélos que crescem na cara, nas orelhas, nas partes pudicas. Sim, Ano Nascido, dá-nos a lucidez da esperança.

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