sexta-feira, 13 de maio de 2011

Realeza Rústica

O corpo é todo espinhoso, planta compacta e severa, inescrutável em sua armadura globosa-cônica. A evolução fez-lhe espinhos onde existiriam folhas, pois outra maneira não haveria de enfrentar a aridez do clima e a fome dos predadores. Da cerosidade que diminui a perda de água ao metabolismo que faz fotossíntese como se a luz lunar tragasse, é toda pronta pra viver na sequidão. A coroa vermelha e cilíndrica, sobre o tronco de gomos verdes, dá-lhe esse ar de realeza na mata branca do Sertão. Dali lhe brotam as flores que se seguem em frutos pequenos, róseos, que em sementes continurão a história de rusticidade e beleza, a se perpetuar no oceano seco da Caatinga.
 

2 comentários:

  1. Tenho uma plantinha coitadinha que estar tão mal acostuma, é tão exigente, e o dia que não falo com ela, zanga-se. Hoje mesmo, sai tão apresada logo cedo que nem dei tchau, quando retornei estava murcha, parecia até ter esquecido de irrigá-la. É manhosa... Como é sábia essa charmosa planta, deve ter passado más noites até chegar a tantos espinhos. Se essa fortaleza falasse, poderia contar-nos como conseguiu perseverar aos infortúnios.

    ResponderExcluir
  2. Com metabolismo CAM e, como vc disse, perseverança, anônimo(a). Plantas não costumam responder (ou cuidado se vc a estiver, literalmente, ouvindo...). Fortalezas, não sei, acho que falam... e as vezes têm muito a dizer.
    Obrigado pelo comentário na espinhosa aí encima.

    ResponderExcluir