Suor. Tinha acordado molhada, ofegante, em
desespero de causa e de vida. Foi um sonho sem precedentes, dos mais
inquietantes, delirantes, que ela já havia ousado sonhar. Nesse mundo
onírico, ela sempre fora mais permissiva
que na vida cordata, acordada, que lhe enquadrava ornamentos e
comportamentos. Acordara assustada com as possibilidades desse
devaneio... Dava arrepio na espinha e cócegas no estômago. Fazer um
upgrade, isso, sim, era o que queria quando o suor ainda lhe escorria
pelo corpo, com o cobertor grudado nas pernas úmidas e a boca seca de
água e desejo. Levantou, tomou seu café de toda manhã. Decidiu não mais
sonhar. O desejo morria em suaves prestações.
A Jovem Adormecida (Pablo Picasso, 1935) |
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