Praia Bela, Paraíba (Foto: Célia Hueck) |
A vida às vezes segue devagarzinho, como algodão
levado por brisa leve. Mas só às vezes. Inaudível barulho de passos lentos de
algodão atravessando o dia. Um rio lento corre nesses dias raros de brisa leve
e silêncio. Vida, algodão, dia, silêncio e rio atravessam a gente como um
sopro. Devia ser assim. A vida devia ser um rio que serpenteia em silêncio pela
vida toda, mas quase nunca tem os dias este vestir-se de rio e de silêncio. O
barulho é audível. A cidade nos constrói de cimento, de escapamentos, de
encanamentos, de desencantamentos. Escapar das janelas pequenas, sem horizonte,
é tão urgente que faz cócegas na barriga só de pensar. A montanha tem meus
amores guardados, escondidos, e para ela entrego meu corpo suado, com ela
também me acerco aos horizontes sem fim da alma que observa as alturas e as
planuras. Nela busco o horizonte com pedaços cortados de pão de açúcar. Um mar
de montanhas, como as de saudades de Minas, onde a alegria me achava com
relativa frequência. Mas o horizonte é sempre maior, mais longínquo, mais
tirano e submisso, inacessível e todo aberto, na areia branca que arranha e
lambe os pés molhados. Escolho o mar, para onde vão os rios, como os meus
passos. O mar, que em seus dias de calmaria, também é uma planura sem fim. Onde as crianças se molham de alegria e entregam o sorriso salgado. É onde o
meu silêncio também encontra a brisa, o barulhinho bom das ondas. Eternas, sem
desencantamentos. O mar é como um rio que atravessa a vida. Devagarzinho. O mar
parece de algodão, doce, com crianças olhando as ondas e lambendo os dedos.
Bela foto! Vida e silêncio, coisas praticamente distantes com tanto congestionamento! Entre o balançar do mar e do rio, prefiro o MAR. A vida e o barulho das ondas! Lembrei-me de Machado de Asis: “No breve correr dos dias sob o azul do céu, tais são LIMITES no mar da vida: Saudades ou aspiração; ao espirito ardente, na avidez do bem sonhado, nunca o presente é passado, nunca o futuro é presente.”
ResponderExcluirBela foto! Vida e silêncio, coisas praticamente distantes com tanto congestionamento! Entre o balançar do mar e do rio, prefiro o MAR. A vida e o barulho das ondas! Lembrei-me de Machado de Assis: “No breve correr dos dias sob o azul do céu, tais são LIMITES no mar da vida: Saudades ou aspiração; ao espirito ardente, na avidez do bem sonhado, nunca o presente é passado, nunca o futuro é presente.”
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