terça-feira, 5 de abril de 2011

Fragmento

Agora tinha que ir, mas adoraria se ela aceitasse o convite para o jantar. Respondeu-lhe que quinta estava bem e que, sim, poderia buscá-la em casa as 20:30h. Congelou os dias esperando o relógio indicar-lhe 20:30h da quinta-feira. Sentiu-se como Clarice, ao finalmente ter em mãos o livro da gorducha sardenta, na sua felicidade clandestina de degustar cada página e esconder o livro das suas vistas, de modo a satisfazer o prazer de reencontrá-lo. A quinta-feira 20:30 era o livro de Marina. Só que seu aguardar era como ter os dias restantes do tempo presente como um obstáculo a se aniquilar; queria saltar-lhes o enfado da espera. De fato, pareceu-lhe que da livraria saltara para a mesa do restaurante, como se de domingo se saltasse para a quinta. Os sons, as risadas, o foie gras, o docinho do licor na boca... A intimidade se confirmara, apesar das aparentes diferenças. Amaram-se naquela mesma noite, com a ânsia serena que ela antecipara pelo assombro do primeiro encontro.

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