quarta-feira, 16 de maio de 2012

Luz do Sol


Desinventaram palavras e mastigaram intimidades enquanto a chuva murmurava histórias no ouvido úmido da noite. Entre o silêncio dos gritos e o escândalo das bocas caladas, um chamamento se esparramou sobre os corpos. Não desejaram planos mirabolantes, castelos de cartas ou latas de refrigerante. Eram, ali, apenas errantes, distantes, amantes. Era noite ainda, mas pareciam ter caminhado sob um domingo de sol.

Quadro: Nu reclinado (Modigliani)

Um comentário:

  1. Sensualidade, desejo, entrega... Texto excelente para romances e contos. Na literatura brasileira temos celebridades que descrevem temas como este com esmero. Penso que atualmente, textos com essa abordagem poderiam ter roupagem mais ousada, em especial os de blogs, quais a massa jovem tem acesso, e muitas vezes são recomendados por professores para diversas discussões. De forma sutil, poderia brincar com as intimidades do uso de preservativos, tanto feminino como masculino, acho que acrescentaria um toque de responsabilidade e limite ao ato “canibal”. Limite não apenas por causa das inúmeras doenças sexualmente transmissíveis, mas da chegada de vidas não planejadas e ações de delinquências. Ao assisti uma palestra sobre aborto, os dados apresentados ficaram registrados na memória, acho que ainda são bastante atuais: São realizados 50 milhões de aborto por ano no mundo; o Brasil é campeão mundial, com 3,5 à 5 milhões por ano; 40 mil mulheres morrem em abortos clandestinos por ano . A palestra vestia a camisa de Dr. Bernard, que tinha uma dessas clínicas clandestinas. Ele, em um momento de insanidade tentava registrar em vídeo o momento do aborto, para dá credibilidade as infelizes que lhe procurava, e mostrar o quanto era seguro o desatino. Tudo preparado, a câmera que foi introduzida no útero parecia uma arma, era um ferro duro e frio, descrição dele. Quando chegou próximo ao ser existente, deparou com seu rosto, o FETO parecia compreender o que iria acontecer, tentava afastasse para trás e colocou a mão junto ao rosto como quem estivesse apavorado; ele fechou os olhos e abriu novamente pensando está impressionado, mas a cena filmada permanecia. Ele desistiu da atrocidade... Aquela cena, não saiu do seu consciente a noite toda, fazendo-lhe enxergar vida naquele FETO. A partir de então, ele resolveu vestir a camisa contra o aborto. A vida é assim, sempre nos convida a vestir novas camisas!

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